Diários de ônibus, trens e até caminhão...

A ideia de um blog surgiu da intenção de mostrar meu Diário de Bordo a todos os amigos e da impossibilidade de fazê-lo com a rapidez que eu gostaria. Vai ele agora entrar na rede!

Nome:
Local: Divinópolis, MG, Brazil

17.10.05

Dia 10 – domingo 17/07


- Calama-Arica, Arica-Tacna (Peru), Tacna-Arequipa -

Chegamos a Arica num domingo londrinamente nublado (mais tarde soubemos que o céu por lá é sempre assim) e corremos pra nos informar sobre o passeio que tínhamos visto no guia perdido pelo Uans na Argentina. No café encontramos, ou fomos encontrados por um casal de Florianópolis que nos chamava pra meiar um táxi até Tacna (no Peru), pois iam, como nós, pra Arequipa em seguida. Falamos do passeio em Arica e nos despedimos. Fomos depois pro centro, às 8h, pra procurar a agência e vimos que só abriria às 9h. Aproveitamos pra conhecer o Pacífico e o Morro de Arica, uma pedra de 130m solitária, de frente pra praia. Vimos gaivotas e pelicanos e molhei a mão no mar de lá. Voltamos pra agência e um senhor muito simpático que varria o chão nos disse que o passeio de domingo tinha saído cedo e já tinha sido agendado na semana anterior e que só agendaríamos um na terça. Diante da impossibilidade de ficarmos ali por tantos dias sem fazer nada, resolvemos seguir viagem. Troquei dólares em Soles (um dólar equivalia a 3,22 Soles) peruanos enquanto o Uans levava umas cantadas pesadas dum chileno, depois ligamos pra casa e pegamos um táxi até o “terminal de táxi-lotação pra Tacna” – digamos assim. Com isso, tínhamos mais dias ainda de crédito, pois já estávamos chegando ao Peru. Tive então a idéia de tirar uma das cartas da manga: logo após a visita ao Canyon de Arequipa, vamos ver o encontro das cordilheiras em Huaráz!

Batemos nossos carimbos e estávamos no Peru já no décimo dia de viagem. Seguimos pra Tacna, onde compramos passagens pra Arequipa, mandamos e lemos e-mails depois de uma semana sem dar notícias e almoçamos. O ônibus de 13h15 saiu muito atrasado – o que seria uma constante até o final de toda a viagem – e num sol destruidor. A Viação Flores foi uma das piores que pegamos. Foi no Peru que vimos pela primeira vez que as mochilas que iam no bagageiro não tinham selo nem nenhuma espécie de controle.

Tacna é uma zona franca e, dentro do ônibus, uma mulher do meu lado levou uns 30 minutos pra se sentar porque estava escondendo produtos espalhados dentro do ônibus inteiro. Teve inclusive a audácia de nos pedir pra esconder uma garrafa de uísque conosco: "no, señora, muchas gracias". Na parada pra revista policial, o ônibus passou sem problemas. No final da viagem, porém, chegando em Arequipa, outra revista e os policiais desceram rindo com mais ou menos 10 litros de uísque na mão...

Chegamos em Arequipa já de noite, pegamos referência de um hotel na rodoviária e de uma agência pra conhecer o Cañón del Colca. O hotel descaracterizava a nossa viagem: um quarto com três camas largas e, algo inédito até então na viagem, não-côncavas(!), banheiro brilhando como novo, ducha quente, varandaS e até TV a cabo. Depois do banho, o Uans saiu pra se informar da agência e eu, além do banho mais confortável até ali, aproveitei pra lavar direito minha roupa e colocar as baterias dos equipamentos pra carregar. Chegamos até a assistir parte de um jogo do Real Madrid e alguns trechos de Record, SBT e Globo. O Uans voltou com a informação de que dava pra gente fazer o passeio por conta própria. Saímos pra comer e olhar informações na internet num cyber-café muito bacana. Do hotel ligamos pro pessoal da rodoviária, que nos disse que teríamos que pegar o ônibus à 1h da manhã.