Diários de ônibus, trens e até caminhão...

A ideia de um blog surgiu da intenção de mostrar meu Diário de Bordo a todos os amigos e da impossibilidade de fazê-lo com a rapidez que eu gostaria. Vai ele agora entrar na rede!

Nome:
Local: Divinópolis, MG, Brazil

17.10.05

Dia 21 – quinta-feira 28/07


- Puno-Desaguadero (Titicaca) – Desaguadero-La Paz – La Paz-Santa Cruz de la Sierra -

Quase perdemos a paciência com passageiros folgados e motorista sem noção naquela viagem - ainda bem que ela era curta. A chegada a Puno foi de madrugada. Lá pegamos uma van pra Desaguadero, já na fronteira com a Bolívia. No caminho, contornamos o Lago Titicaca bem na hora do amanhecer, uma vista inesquecível. Depois de muita demora, chegamos enfim a Desaguadero, trocamos poucos dólares com uma usurária a quem desejamos sorte no Purgatório pela descarada exploração, e entramos desanimados numa fila quilométrica pra atravessar a fronteira. Depois de passar uns 10 minutos sem nos mover, fomos informados por uma boa alma que apenas os peruanos precisavam esperar ali, nós simplesmente nos dirigimos a uma porta, onde os oficiais bateram nosso carimbo em 5 segundos e atravessamos. Na Bolívia, preenchemos (de novo) um questionário enorme (que ninguém olha) e corremos pra pegar outra van, agora para La Paz. Lá, devido ao dinheiro gasto em Machu Picchu, estava definitivamente descartada a possibilidade de subir o Chacaltaya (um nevado lá perto – outra das cartas na manga), então corremos pra rodoviária e compramos logo nossa passagem pra Santa Cruz de la Sierra, onde pegaríamos o Trem da Morte até a fronteira do Brasil.

Assim que chegamos em La Paz, trocamos mais alguns dólares em bolivianos e, ao pegar um táxi, ouvimos de uma mulher que nos ajudou a chamá-lo, pra tomar cuidado com assaltos naquela cidade perigosa. Na rodoviária, compramos as passagens e, pelas contas, sem dinheiro suficiente pra terminar a viagem ao Brasil, descobri, na própria rodoviária, um lugar onde se aceitava o câmbio de Reais, que por sorte eu carregava desde o início – ufa! Sem isso, não saberíamos o que fazer pra voltar, provavelmente estaríamos lá até hoje tentando...

Lá mesmo, conhecemos um brasileiro que também voltava de Machu Picchu e Arequipa e fomos juntos almoçar. O restaurante, lá dentro mesmo, era aconchegante e vazio (tinha Coca muito gelada!), e nós escolhemos uma mesa no canto pra acomodar com mais segurança as malas. Ficaram todas juntas e amontoadas num canto ao lado da nossa mesa. Saí pra lavar as mãos antes do almoço e, quando voltei, aconteceu o único episódio ruim de toda a viagem: minha mochila menor, onde estavam, com exceção de dinheiro, passaporte e das camisas de times, todos os meus objetos importantes e de valor, tinha sido levada, debaixo dos nossos narizes, sem ninguém dar notícia. O pior é que junto com ela, e que não tem preço, todas as fotos da viagem (minhas e do Uans) que já tinham sido descarregadas em CD. As únicas que restaram estavam na máquina do Uans: as fotos dele de Machu Picchu e algumas filmagens que fez ao longo da viagem. A raiva nos deixou paralisados por um bom tempo. Procuramos pela rodoviária, e até fora dela, informamos os policiais e até deixei meu e-mail e telefone pra desencargo de consciência e só queríamos sair logo dali. Minha primeira reação pensada foi tirar do mochilão a sacola com as camisas dos times e prometer abraçá-la até a chegada a BH. Por ironia, foi o terminal que mais trabalho deu pra nos fazer entrar no ônibus e foi também o ônibus que mais se atrasou pra sair e, depois de sair, ficou parado por uma hora no trânsito sem um motivo aparente.