Diários de ônibus, trens e até caminhão...

A ideia de um blog surgiu da intenção de mostrar meu Diário de Bordo a todos os amigos e da impossibilidade de fazê-lo com a rapidez que eu gostaria. Vai ele agora entrar na rede!

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Local: Divinópolis, MG, Brazil

17.10.05

Dia 7 – quinta-feira 14/07


- Deserto de Atacama (dia 1) -

Fomos dormir a 0h30 mais ou menos – todas as roupas de frio que tínhamos, mais saco de dormir, mais todos os cobertores oferecidos pelo hotel não nos impediu de tremer de frio lá debaixo! Acordamos cedo e tomamos cada um o seu banho quentíssimo e saímos pra esperar abrir a tal da agência. Deram 9h e nada de abrir. Saímos pra comprar numa feirinha uma calça de lã pra usar debaixo da calça e gorro de alpaca (ridículo) pra agüentar o frio daí pra frente. Procuramos também Coca-Cola gelada, mas só víamos refrigerantes em prateleiras e nenhuma geladeira. A moça da venda disse ao Uans que lá não existia geladeira, mas nem precisa existir, à temperatura ambiente a Coca estava ótima! Depois de um atraso de duas horas, a agência abriu e acertamos com a mulher – US$60,00 pra cada um pelo passeio de 3 dias que nos deixaria em San Pedro de Atacama, no Chile. Eram 11h da manhã e quase todos os 4x4 já na estrada pro salar e nós na porta da agência esperando o motorista chegar... Já estávamos preocupados e o Uans pensando na grana que tinha dado adiantado. Encontramos 3 brasileiros que fariam o passeio conosco também preocupados. Quando já achávamos que tínhamos levado um bolo, aparece o motorista e começa a carregar o carro. Ficamos sabendo pelos brasileiros que deveríamos bater o carimbo nos passaportes ali mesmo em Uyuni, pois sairíamos do deserto direto pro Chile e não haveria outro lugar pra fazê-lo. Como tínhamos ouvido dizer, a polícia pede uma “taxa” de saída, que é proibida – pagamos indignados 15 pesos bolivianos. O início do passeio tem uma parada na beirada do salar pra comprar lembranças feitas de sal e pagar pra tirar fotos das crianças. Isso sem contar com o museu de sal, que é nada mais do que uma casinha que tem apenas uma pequena sala com alguns objetos de sal e onde se cobra um preço absurdo – que você só fica sabendo, se não perguntar antes, na saída. Claro que o desavisado do Uans entrou lá, tirou fotos e, depois de ser cobrado, inventou que ia chamar uma turma enorme de amigos lá fora pra entrar também e o resultado é que a mulher deve estar esperando até hoje a turma toda.

Dali, rodando encima do sal, fomos pro meio do salar com uma vista impressionante. Quando se pode ver o horizonte, há vulcões e nevados, se não, é o sal branco e o céu azul e mais nada! Maravilhoso. Em seguida almoçamos no Hotel de Sal. O nome não é à toa, tudo aquilo a que estamos acostumados a ver de madeira ou cimento em casa, lá, é de sal. As poltronas são cobertas por pano no assento e o apoio para os braços soltava farelos de sal a cada vez que eu apoiava. Almoçamos bem e fomos a um dos pontos altos desse passeio – a Isla del Pescado. Uma formação rochosa gigante no meio de todo aquele sal simplesmente lotada de cactos também gigantes que crescem 1cm ao ano – um deles tinha 12,3m de altura e mais ou menos 70cm de diâmetro. É impressionante! Num dos lados vê-se um vulcão bem distante e, da ilha, rumamos pra ele em linha reta e tivemos uma noção de quão longe estava. Até tomarmos a estrada ao lado dele, era apenas a metade do caminho e só no fim da tarde chegamos no povoado onde dormiríamos já de noite. Chuveiro bem quente e quartos pra cada turma. Quando saí do banho o Uans me contou a surpresa que teve no jantar: chegou uma panela de sopa e todos se serviram bem e ainda sobrou muito pra mim. Quando já não pensavam em comer, chegam travessas de arroz, salada e batatas fritas, além de uma com frango. Todos ficaram boquiabertos. Quando cheguei todos estavam acabando e a comida ainda me encheu bem. Depois do banho de todos, a luz foi cortada pra economizar (já é inacreditável haver luz num lugar daquele). Pra vestir a roupa depois do banho, minha calça de lã rasgou na perna e tive que usar meus dotes (quais exatamente, eu não sei) de artesão pra costurá-la, mas isso com o agravante de usar apenas velas e lanterna pra enxergar e, claro, devido ao frio, usando a calça que costurava. Claro que o serviço ficou de quinta categoria, mas foi mais fácil do que imaginava e, depois de tamanho desafio em condições tão adversas, já encaro qualquer costura que me apareça. Dormimos nas mesmas condições climáticas da noite anterior, descobertos somente o nariz e a boca e olhe lá!